A nova utopia
A nova utopia de Bonvicino traz, com cruel detalhamento, o cenário atual urbano desolador. Há cimento, asfalto, meios‑fios, vielas, ratos, urubus, lixo, bueiros entupidos, baratas, neons apagados, carros, chuva, crack, há marquises como abrigos. As cores são cinzentas e o cheiro é de detritos, urina e fezes. O requinte do capital, representado aqui e ali por vitrines de lojas, faz um contraponto fugaz, esmagado imediatamente pelo todo. Não há saída utópica e não há lenitivo para desesperança, muito menos algo novo em que se possa agarrar em fuga da miséria humana.
“A qualidade da poesia, por si mesma, é extraordinária — eis o que precisa ser dito, antes de mais nada.” Alcir Pécora
RÉGIS BONVICINO nasceu em São Paulo, em 25 de fevereiro de 1955. Poeta reconhecido internacionalmente, participou de diversos eventos literários e tem versões de seus poemas traduzidas em inglês, espanhol e chinês, entre outras línguas. Tem mais de uma dezena de livros de poesia publicados, entre eles 33 poemas (Iluminuras, 1990), que recebeu o prêmio Jabuti em 1991. Codirige com Charles Bernstein a revista eletrônica Sibila, dedicada à poesia.
Formato 14 x 21 cm — 160 p.